Pai, hoje sinto tantas saudades tuas. São saudades tão
sofridas, tão minhas, que não consigo partilhar com ninguém, o que faz com que,
por momentos, Lhe peça que mas leve, porque não acredito conseguir viver com
elas. São saudades daquelas que cortam a respiração e me fazem chorar
compulsivamente agarrada a memórias distorcidas e a um rosto já falecido, visto
no dia do teu funeral, quando te dissemos que te amaríamos para sempre. Amo-te
tanto, meu querido pai. Há dias mais fáceis, em que me lembro de ti com uma
saudade melhor, menos sofrida, repleta de orgulho e de esperança num futuro
melhor. Mas há outros dias... em que sinto-me fora de mim, transfigurada,
fragmentada, desfeita. Em que sinto que não aguento mais, que vou desabar, que
o único sítio onde encontrarei paz é ao teu lado, no sítio onde acredito que
estarás também és paz. Tenho sido uma guerreira. Temos sido as três, cada uma
de nós como pode, como vai vivendo. Procuro-te pela casa, pela rua, no céu
quando viajo de noite. Gosto muito de fixar uma estrela, a que brilhar mais, e
ver se ela me segue até casa: quando isso acontece, acredito que sejas tu que
me acompanhas e zelas pelo meu regresso ao lar. Amo-te muito! Obrigada por
estares comigo, por me guiares, por me dares força para ser determinada e
ambiciosa para chegar o mais longe possível. Estou sempre a pensar em ti e sei
que tu também pensas em nós. Tenho saudades da tua voz e anseio ouvir o seu eco
na nossa casa. Onde quer que estejas, está ciente de que nenhuma de nós se
esquece um segundo que seja de ti e dos valores intemporais que nos deixaste.
És um tesouro tão grande, tão raro que, por vezes, tenho medo de te desiludir,
de não honrar o Homem e o Pai que foste. Esforço-me muito, todos os dias. Quero
que olhes para mim e te sintas orgulhoso, que sintas que, por mais desorientada
que hoje me encontre, nunca enveredarei por um caminho que te desagrade e que,
por isso, podes dormir descansado.
Ainda não percebo o porquê de Deus te ter levado, e sinto
muito raiva e mágoa pela tua partida porque tu eras e és a pessoa que eu mais
amo no Mundo, e que sinto que me vai proteger para sempre. Sei que éramos
iguais em muitas coisas, e que tu acreditas muito em mim, nos meus sonhos, nas
minhas esperanças.
Sabes o quanto eu te amo. Não consigo escrever mais hoje, as
lágrimas inundam o teclado do computador que tu e a mamã me ofereceram pelas
minhas boas notas no oitavo ano. Muito obrigada por tudo. ÉS O MAIOR. Amo-te.
És o meu anjo da guarda. E eu sei que nunca morrerás em mim!
Parabéns Francisca estou sem palavras... Sei certamente o que estas a sentir e sinto tudo o que escreveste pois o meu pai também partiu á quatro meses. Beijinhos de muita força e coragem.
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