terça-feira, 14 de julho de 2015

15-07

Pai, hoje sinto tantas saudades tuas. São saudades tão sofridas, tão minhas, que não consigo partilhar com ninguém, o que faz com que, por momentos, Lhe peça que mas leve, porque não acredito conseguir viver com elas. São saudades daquelas que cortam a respiração e me fazem chorar compulsivamente agarrada a memórias distorcidas e a um rosto já falecido, visto no dia do teu funeral, quando te dissemos que te amaríamos para sempre. Amo-te tanto, meu querido pai. Há dias mais fáceis, em que me lembro de ti com uma saudade melhor, menos sofrida, repleta de orgulho e de esperança num futuro melhor. Mas há outros dias... em que sinto-me fora de mim, transfigurada, fragmentada, desfeita. Em que sinto que não aguento mais, que vou desabar, que o único sítio onde encontrarei paz é ao teu lado, no sítio onde acredito que estarás também és paz. Tenho sido uma guerreira. Temos sido as três, cada uma de nós como pode, como vai vivendo. Procuro-te pela casa, pela rua, no céu quando viajo de noite. Gosto muito de fixar uma estrela, a que brilhar mais, e ver se ela me segue até casa: quando isso acontece, acredito que sejas tu que me acompanhas e zelas pelo meu regresso ao lar. Amo-te muito! Obrigada por estares comigo, por me guiares, por me dares força para ser determinada e ambiciosa para chegar o mais longe possível. Estou sempre a pensar em ti e sei que tu também pensas em nós. Tenho saudades da tua voz e anseio ouvir o seu eco na nossa casa. Onde quer que estejas, está ciente de que nenhuma de nós se esquece um segundo que seja de ti e dos valores intemporais que nos deixaste. És um tesouro tão grande, tão raro que, por vezes, tenho medo de te desiludir, de não honrar o Homem e o Pai que foste. Esforço-me muito, todos os dias. Quero que olhes para mim e te sintas orgulhoso, que sintas que, por mais desorientada que hoje me encontre, nunca enveredarei por um caminho que te desagrade e que, por isso, podes dormir descansado.
Ainda não percebo o porquê de Deus te ter levado, e sinto muito raiva e mágoa pela tua partida porque tu eras e és a pessoa que eu mais amo no Mundo, e que sinto que me vai proteger para sempre. Sei que éramos iguais em muitas coisas, e que tu acreditas muito em mim, nos meus sonhos, nas minhas esperanças.


Sabes o quanto eu te amo. Não consigo escrever mais hoje, as lágrimas inundam o teclado do computador que tu e a mamã me ofereceram pelas minhas boas notas no oitavo ano. Muito obrigada por tudo. ÉS O MAIOR. Amo-te. És o meu anjo da guarda. E eu sei que nunca morrerás em mim!


1 comentário:

  1. Parabéns Francisca estou sem palavras... Sei certamente o que estas a sentir e sinto tudo o que escreveste pois o meu pai também partiu á quatro meses. Beijinhos de muita força e coragem.

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