Passo muitas horas sozinha a trabalhar, outras tantas a rabiscar textos, excertos de livros e sinopses que não sei se vou ter a mestria de executar, e o equivalente a duas horas, mais coisa menos coisa, nas tarefas domésticas ou no trânsito. Há cerca de três anos descobri o mundo dos podcasts, e desde aí escolhi aproveitar o tempo que requer menos da minha concentração a ouvir quem se expõe para partilhar o que lhe apraz.
Segundo
alguns dos meus amigos, sou viciada em estar com os fones nos ouvidos, mas o
que alguns deles não sabem é que poucas dessas vezes estou a ouvir música. Assim
sendo, e porque acredito que esta forma de comunicar é o futuro numa vida cada
vez mais atarefada, e com menos tempo para estar a olhar para um ecrã, partilho
o que compõe a minha lista da Apple Podcasts.
Oiço
muitos podcasts de entretenimento e/ou de humor: entre eles, o Ask.tm (do Pedro
Teixeira da Mota), o Ar Livre (do Salvador Martinha), o Doce da Casa (do
Alexandre Guimarães e do Rúben Vale), o Fora da Lei (do Tiago Almeida), o
Extremamente Desagradável (da Joana Marques, da Inês Gonçalves e da Ana Galvão),
o Terapia de Casal (da Rita da Nova e do Guilherme Fonseca) e o Bate Pé (da
Mafalda Castro e do Rui Simões). Pela periodicidade semanal, sinto-me tão enturmada
nas suas vidas e cabeças, que chega a ser engraçada a ideia de os encontrar na
rua e não os ir beijar e perguntar se já há desenvolvimentos relativamente
àquele tema ou se já mudaram de opinião quanto às coisas com as quais discordei
ou apenas me ri desalmadamente em casa, pela absurdez ou genialidade.
Também
oiço outro género de podcasts (a maioria deles em conjunto com o Miguel, para
comentarmos e debatermos as temáticas que nos despertam mais interesse).
Destaco dois, que se debruçam sobre política: o Eixo do Mal (com a Clara
Ferreira Alves, o Daniel Oliveira, o Luís Pedro Nunes e o Pedro Marques Lopes)
e o Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer (com o Carlos Vaz
Marques, o João Miguel Tavares, o Pedro Mexia e o Ricardo Araújo Pereira). A
pluralidade de ideias e a presença de quadrantes políticos opostos permite-me
não só estar a par da atualidade, como perspetivá-la aos olhos de pessoas com
ideologias com as quais me identifico mais e outras menos (e isso devia ser
obrigatório para não nos tornarmos naquelas pessoas que nem querem saber da
opinião dos outros por considerarem que aquilo que dizem não é uma opinião, mas
sim a verdade: não o façam, é tolo!).
Depois
existem aqueles podcasts, ou diria eu, apelidando-os sem a preocupação de
cumprir determinado número de caracteres, “os que nos fazem conhecer pessoas,
realidades e adquirir gratuitamente conhecimento”, como A Minha Geração (da Diana
Duarte) e o Deixar o Mundo Melhor (do Francisco Pinto Balsemão). O primeiro com
a minha geração (literalmente) e o segundo com pessoas da geração dos meus avós.
Ambos trazem inspiração, conhecimento e voz (a quem já a teve e teria sempre,
como o Durão Barroso; mas também a quem mais dificilmente a teria num meio tradicional
português, como a Inês Relvas).
Se,
como eu, gostarem muito de ler, não podem deixar de ouvir o Livra-te (da Rita
da Nova, já repetente neste texto, e da Joana da Silva) e o Vale A pena (da
Mariana Alvim).
Menciono
ainda A Minha Caravana (da Rita Ferro Alvim), o Na Minha Sepultura (do Nelson
Nunes) e, como não poderia deixar de ser, o Fumaça (oiçam a entrevista ao
Miguel Duarte sobre o resgate no Mar Mediterrâneo).
Esta
coisa de nos falarem ao ouvido tem muito que se diga: cria-se uma ligação indescritível
e incomparável com a que teríamos se os estivéssemos a ver na televisão.
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