Tanta tristeza, tanta raiva, tanta frustração...
Nos últimos anos senti-me abandonada por Deus. Aborreci-me com Ele, e, cada vez que ia à Igreja não via Luz, os meus olhos carregados de lágrimas, que caíam mal entrava na Sua casa, diziam-me que Ele não podia existir, faziam-me questioná-Lo e as respostas às minhas perguntas não apareciam, mesmo quando, de joelhos, Lhe pedi que me desse algo, um sinal, uma justificação.
Tive uma crise de fé como nunca imaginei poder ter, porque, antes do meu pai ter falecido, acreditava com todo o meu coração em Deus, e professava, na minha humilde condição de jovem que pouco ou nada sabia da vida, aos mais novos, que Ele era o melhor amigo que tinham na vida, e que jamais lhes viraria as costas. A verdade é, durante estes anos, duvidei, virei-lhe as costas, e segui com a minha vida a crer não sei bem no quê, a fazer de tudo para nunca ter de Lhe falar, na cegueira da mágoa da orfandade.
Tive a sorte de me cruzar, também neste período, com pessoas com muita Fé. Com pessoas que me disseram que fosse outra vez à Igreja e que, ao invés de procurar o meu pai no meu coração, no conforto do meu lar, o procurasse mais perto de Deus, porque agora tenho os dois, juntos, a olhar por mim: os meus dois Pais. Convivi nos últimos anos com pessoas cujo coração e os olhos vêm Deus nas mais pequenas coisas, e que me disseram, várias vezes, também em mim O encontrarem. E agora, que olho para trás e me recordo de todas as conversas que travámos, e de me sentar junto a eles na Igreja, tenho a certeza de que não foi sorte, mas sim Deus, sábio como nunca outro Homem foi, a trazer até mim as pessoas que eu precisava para voltar a ir para junto Dele.
Nos últimos meses voltei a encontrá-Lo. Sinto-o de novo em mim, e como é bom entrar na Sua casa de novo e as lágrimas já não serem de angústia, mas sim de emoção, de agradecimento e de uma pequenez que não me inibe nem frusta, mas sim me recorda de que pertenço a algo maior, e que se a minha vida é assim, a Ele devo tanto do que sou e tenho. Por me ter enchido de força, mesmo quando eu não merecia o seu perdão, porque eu não O conseguia perdoar. Hoje, perante Ele, pedi-Lhe que me voltasse a aceitar na sua família, e tenho-o feito cada vez que nos encontramos, ao final da noite, em sussurro, de olhos fechados, na missa... E sei que Ele me aceita, e isto, este perdão, este amor que não finda, estes braços abertos para me acolher, é aquilo que, agora, mais Paz me traz à vida.
Que o meu coração continue aberto para receber o Espírito Santo, e que eu consiga viver mais à sua imagem, honrando-o não só a Ele, como também ao meu pai, que me educou nos valores e na Fé da Igreja Cristã.
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