Ontem iniciou-se um novo ano, e com ele vieram todos os sonhos, esperanças e metas que esperamos alcançar. Vieram as promessas, os arrependimentos ficaram para trás, as decisões mais emblemáticas e as resoluções sólidas, cuja firmeza tantas vezes se perde ao longo dos dias. Vieram os beijos, os abraços, o fogo de artifício, o álcool em excesso, a alegria desmedida por se começar alguma coisa. Parece que, de um minuto para o outro, nos é dada uma nova oportunidade, e que, a partir dali, das doze badaladas, a partir dali, é que vai ser. Vamos esforçar-nos para sermos melhores, vamos trabalhar para nos distinguirmos daqueles que connosco competem por um lugar no mundo do trabalho, vamos amar mais, vamos ter mais tempo para aqueles que querem o nosso bem.
É bom ter um dia que simboliza o zero, o ponto de partida. Não é um recomeço, nunca será um recomeço. É reconfortante saber, e acima de tudo acreditar, que, de um dia para o outro, temos a possibilidade de começar uma nova vida, de decidir coisas importantes, de nos impulsionarmos e reinventarmos. Porque nem sempre é fácil termos a coragem necessária para acordar e dizer que aquele dia, que até então não era comemorado, será no próximo ano, por ter sido o dia em que fizemos algo por nós mesmos. Parece que temos de esperar que chegue este dia para escrevermos uma lista com objetivos e resoluções, parece que temos de esperar que chegue este dia para que digamos àqueles que nos perfuram a alma que não o voltarão a fazer, e àqueles que amamos que não os queremos perder. Parece que temos de esperar que chegue este dia para erguermos a voz e nos fazermos ouvir, para acreditarmos num futuro melhor, para lutarmos por um futuro melhor. Não são as doze passas, a taça de champanhe ou os votos de felicidades dos conhecidos e amigos que fazem do nosso ano diferente: somos nós. É a nossa ambição, força, esperança e perseverança. É o nosso querer, a nossa fé, é a forma como abraçamos os dias e como nos despedimos das noites. É o jeito como deixamos que nos amem e que amamos, a facilidade com que admitimos o erro e pedimos desculpa. É o facto de nos conseguirmos rir das nossas falhas e de nos sentirmos bem ao ponto de não termos de revelar aos outros o nosso sucesso. E é a maneira como olhamos para o Céu, para a Terra e para o Mar. A maneira como um dia de chuva nos entristece ou um raio de sol luminoso nos retrai e nos faz ficar em casa. São os nossos sonhos e a escalada que fazemos até à concretização de cada um deles.
A vida nem sempre nos vai sorrir e, saber aceitar a tristeza que tantas vezes a mesma acarreta, é tão nobre como festejar aquilo que de melhor nos dá. Que este ano todos nós sejamos um bocadinho mais de paz, de amor e de esperança. Que nada nos seja impossível se trabalharmos e que aqueles, com quem partilhamos o que de melhor e pior somos, fiquem connosco por muitos e bons outros começos.
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