quinta-feira, 9 de abril de 2015

Um ano desde a tua partida, pai.

Passou um ano. Como? Não faço a mínima ideia. Sinto-o como se fosse ontem. A intensidade do meu choro, do meu desespero e a força que faço para encarar todos os dias com um sorriso continuam a ser exatamente as mesmas de há um ano, quando o meu pai partiu para o Céu. As dúvidas não se dissiparam, antes pelo contrário: cresceram, e cresceram tanto que, por vezes, sinto-me "feita" de dúvidas, de questões que sei que jamais encontrarei resposta, mas sobre as quais é inevitável não me debater. Quem me conhece, sabe que sou católica, catequista até, e que, por isso, acredito muito em Deus, algo que me foi, primeiramente, incutido pelos meus pais. No dia em que me disseram que o meu pai se tinha ausentado para sempre, ajoelhei-me no chão da sala com o meu vizinho e rezámos, em conjunto, a Deus. Não estava ainda nada confirmado e, na minha cabeça, aquela oração podia mudar tudo. Rezei com tanta força e convicção, que a minha desilusão com Deus, quando soube que o meu pai tinha efetivamente morrido, não pode ser expressa em palavras. É tão difícil aceitar que Deus, o meu outro Pai, uma figura que me é tão querida, e com quem tantas vezes desabafei, me tirou uma das pessoas mais importantes da minha vida. Porquê?! Expliquem-me, por favor. Consolem esta minha mágoa que não vai embora, que me enche de lágrimas, de revolta, de sonhos destruídos, de pontes divididas a meio. Explica-me, Deus, por favor, o porquê de teres levado um Homem que, em vida, foi mais do que tanta gente que conheço e que se esforçou tanto para dar tudo àqueles que amava. Tem de haver uma explicação, não tem? Porra, eu amava e amo o meu pai TANTO! Era e é o meu ídolo e, ao mesmo tempo, o meu maior fã. Porque é que mo tiraram? A mim, à minha irmã, à minha mãe? Porque é que a vida levou  um Homem como tu, papá? Eu não quero acreditar que passou um ano, não quero, nem consigo acreditar que passou tão rápido e que, por outro lado, ainda vou ter de aguentar tantos anos quanto este, cheios de mágoa e de saudade. A vida é madrasta. Madrasta, difícil, estúpida. Qual é o direito que a vida tem de ser assim breve, de ser assim decisiva, de nos tirar tudo de um dia para o outro?
Já não acredito que vais voltar. Sei que não posso acreditar, porque isso me faz sonhar com o teu regresso e chorar ao acordar, Tenho de acreditar que foste para um sítio melhor, e que estás em Paz a observar-nos e a fazer com que consigamos concretizar todos os nossos sonhos, como sempre quiseste. Mas como é que queres que isso me conforte, pai,
se sei que aqui estavas em paz, e ao nosso lado, no melhor sítio do Mundo, o nosso lar?

Amanhã realizar-se-á uma missa em tua homenagem, no Convento dos Franciscanos, em Leiria, às sete e meia. Obrigada por estares em mim e por nunca me teres abandonado durante este ano. Obrigada por me teres amado como se estivesses aqui. És o meu Mundo, pai.

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