terça-feira, 5 de novembro de 2013

Amar ou dizer amar...

No amor sempre me disseram que tínhamos duas opções. A primeira, mais trabalhosa e complicada, tinha que ver com o facto de, caso fosse mesmo amor, nunca desistirmos e lutarmos sempre, por mais que custasse e que parecesse impossível de resultar. A segunda, mais fácil, mais apetecível, mais rápida, era esquecer, ou dizer que se esquecera, pois o verdadeiro amor é inesquecível, e sempre o fora, e seguir em frente, andar literalmente para a frente, mesmo que o resto de nós ficasse para trás.
Diziam-me que no amor podíamos optar e que, caso escolhêssemos a primeira hipótese, teríamos que estar prontos para fracassar, para lutar em vão. Contavam-me histórias de pessoas que haviam lutado toda a sua vida pelo seu verdadeiro amor, por aquela pessoa que diziam ser tudo, que diziam dar-lhes tudo. Não morreram por amor, mas pela falta dele. Choraram tanto agarrados às memórias, e lembraram-se tanto delas, que se esqueceram de viver o presente, só porque quem queriam não estava junto delas, pronto a viver o mesmo tempo. Perderam-se tantas vezes que deixaram de se conseguir encontrar, e o amor apodreceu tanto que começou a tornar-se vago, vazio e doloroso. Doía muito na pele, no coração, nos pulmões. Custava tanto a respirar que apenas a noite silenciava as suas alturas mais ofegantes. O sono, muitas das vezes seguido de uma noite de recordações, era como que o descanso de uma vida, como que uma oportunidade de sonhar, e de sonhar com o nosso amor, de imaginar tudo aquilo que poderíamos ainda fazer, porque enquanto há vida, há esperança, e quem havia escolhido a primeira opção, mais trabalhosa e complicada, só pararia de lutar quando morresse. Sempre fora a opção que mais custava, mas que, tantas vezes, também trouxera felicidade... E quando as pessoas conseguiam voltar a estar juntas? Quando o motivo que as separara se dissipava e elas acabavam por cair nos braços uma da outra e viviam um amor quase eterno? Não agradeceriam todos os dias a Deus por tê-los ajudado a lutar? Quantas vezes estamos certos do que sentimos e no dia seguinte tudo nos parece ridículo e irracional?
Escolher a segunda opção: a opção mais fácil, mais apetecível, mais rápida... Dizer adeus porque não conseguimos dizer que queremos ficar. Ir embora, e seguir em frente, mesmo que com o coração despedaçado. Dizer que se ama, sem amar. Não lutar não é só sinal de cobardia, também é sinal de descrença. Quem é crente, acredita. E quem ama, tem que acreditar no amor! Tem que acreditar que existe uma força superior, uma vontade divina, algo, alguma coisa, que, nunca, mas mesmo nunca, nos impedirá de ser felizes! E, se a nossa felicidade passa por amar e ser amados, então porque havemos de nos enganar, e dizer que não amamos só porque as coisas não resultam, ou que não queremos, só porque alguém nos disse que afinal já não queria?
Seremos capazes de virar costas ao nosso verdadeiro amor? Saberemos viver sem ele, sem a sua presença? Conseguiremos amar mais alguém sabendo que não lutámos até podermos por outra pessoa? Conseguir-nos-emos apaixonar duas vezes? Mesmo apaixonar de verdade? Prontos a cometer todas as loucuras, prontos a deixar tudo só por alguém?
No amor temos duas opções... Uma é para quem ama, outra é para quem diz amar.


3 comentários:

  1. O acaso quis que viesse para ao seu blog. Mas não foi por acaso que me deliciei com este texto maravilhoso. Parabéns!...por ter o coração na ponta dos dedos! ;)
    A escrita é algo que me deslumbra, me fascina...também tenho um blog (muito recente) onde vou escrevendo umas coisitas...Dê uma vista de olhos. :) http://sorriologoexisto.blogspot.pt/

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  2. Olá Francisca, volto ao teu contacto depois de ler a informação que deixaste em "Quem sou?". Quando escreveste tinhas 15 anos....à data de hoje terás no máximo 16. Só tenho uma coisa a dizer: Fantástica! És fantástica! Continua...estou certa de terás um lugar ao sol no mundo da escrita. Beijinhos

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    1. Muito obrigada pelos seus dois comentários.
      É realmente gratificante ser acarinhada de forma tão bonita e espontânea. É por comentários como este que continuo a lutar pelos meus sonhos!
      Obrigada!
      Um beijinho

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