Cada vez que encosto a minha cabeça ao teu colo o Mundo estende-se
perante os meus olhos. Mesmo com eles fechados, e com as tuas festinhas a
embalarem-me, consigo manter-me acordada e, melhor que isso, a sonhar. O céu é
muito azul, as nuvens são cada vez mais brancas. O sol brilha com uma luz
incrível, mas conseguimos olhar para ele diretamente e agradecer-lhe por nos
iluminar os dias. A brisa suave cada vez me invade mais o espírito e ao longe
consigo ouvir as crianças a chamarem alguém. Presto atenção e oiço a palavra
mamã… Mais do que pronunciada, é amada, é sentida, e eu sorrio. Está um dia
agradável, e, apesar de não estar muito calor, sinto-me muito quentinha por
dentro. Lá no fundo, lá no coração. Está aquecido, está a fervilhar de amor e
de paixão. Deseja mais que tudo nunca ter frio, nunca estar vazio. E é bom com
todos, para ser merecedor que todos sejam bons com ele. Perto de mim, vejo não
só a relva que desperta o meu olfato já anteriormente falado, como também macieiras
e uma grande nespereira. Rio-me muito alto! Como me lembro de termos plantado
estas árvores há uns anos… Nesse dia sim, estava calor. As miúdas não
queriam usar chapéu, mas assim que eu lhes disse que as fadas não apareciam a
meninas de cabeças ao sol, correram para dentro, cada uma à procura do seu. Que
bons momentos! Passaram-se quê, quatro anos?! Como o tempo voa! Como elas
crescem! Estão cada vez mais bonitas, mais senhoras. A Carolina diz que quer
ser pintora e, graças a esta vontade dela, tu convenceste-me a pintarmos as
paredes cá de fora de várias cores… Na verdade, tu pintaste, e nós as três
brincámos com as tintas! Nesse dia, caíram as duas, cada uma na sua cama, num
sono profundo. Estavam cansadas, mas felizes! E a Madalena? Já tem onze anos,
não podemos dizer-lhe que é uma criança, leva a mal. Quer ser cientista, e
obriga-nos a provar das suas poções… Quantas aventuras não passámos já com
elas? São o nosso tesouro… E, a cada dia que passa, vão tornando-se mais livres,
mais fortes. Um dia já cá não estarão, partirão, juntamente com a família que
formarão até lá. Espero que encontrem um homem tão bom quanto tu e que tenham
umas filhas tão boas como elas foram para nós.
Os baloiços continuam a movimentar-se. O vento embala-as e o
sol está a pôr-se. Entretanto é hora de jantar, e hoje fiz o teu prato
preferido. Já sei que quando as chamar para dentro vão protestar, mas que posso
eu fazer senão juntar-me a elas naquela brincadeira desenfreada? Quem me dera
ainda acreditar que do baloiço posso voar! Temos uma vida fantástica, meu amor,
não achas?
Abro os olhos. Afinal adormeci ao teu colo… E como foi bom
sonhar junto a ti. Quero que as minhas filhas se chamem Carolina e Madalena. E,
se Deus quiser, teremos um jardim com árvores e baloiços. Para que cada um de
nós possa voar mais alto.
Adorei, e foi como se me sentisse nesse teu texto :)
ResponderEliminarAinda bem! Muito obrigada!
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