segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Um jardim com baloiços

Cada vez que encosto a minha cabeça ao teu colo o Mundo estende-se perante os meus olhos. Mesmo com eles fechados, e com as tuas festinhas a embalarem-me, consigo manter-me acordada e, melhor que isso, a sonhar. O céu é muito azul, as nuvens são cada vez mais brancas. O sol brilha com uma luz incrível, mas conseguimos olhar para ele diretamente e agradecer-lhe por nos iluminar os dias. A brisa suave cada vez me invade mais o espírito e ao longe consigo ouvir as crianças a chamarem alguém. Presto atenção e oiço a palavra mamã… Mais do que pronunciada, é amada, é sentida, e eu sorrio. Está um dia agradável, e, apesar de não estar muito calor, sinto-me muito quentinha por dentro. Lá no fundo, lá no coração. Está aquecido, está a fervilhar de amor e de paixão. Deseja mais que tudo nunca ter frio, nunca estar vazio. E é bom com todos, para ser merecedor que todos sejam bons com ele. Perto de mim, vejo não só a relva que desperta o meu olfato já anteriormente falado, como também macieiras e uma grande nespereira. Rio-me muito alto! Como me lembro de termos plantado estas árvores há uns anos… Nesse dia sim, estava calor. As miúdas não queriam usar chapéu, mas assim que eu lhes disse que as fadas não apareciam a meninas de cabeças ao sol, correram para dentro, cada uma à procura do seu. Que bons momentos! Passaram-se quê, quatro anos?! Como o tempo voa! Como elas crescem! Estão cada vez mais bonitas, mais senhoras. A Carolina diz que quer ser pintora e, graças a esta vontade dela, tu convenceste-me a pintarmos as paredes cá de fora de várias cores… Na verdade, tu pintaste, e nós as três brincámos com as tintas! Nesse dia, caíram as duas, cada uma na sua cama, num sono profundo. Estavam cansadas, mas felizes! E a Madalena? Já tem onze anos, não podemos dizer-lhe que é uma criança, leva a mal. Quer ser cientista, e obriga-nos a provar das suas poções… Quantas aventuras não passámos já com elas? São o nosso tesouro… E, a cada dia que passa, vão tornando-se mais livres, mais fortes. Um dia já cá não estarão, partirão, juntamente com a família que formarão até lá. Espero que encontrem um homem tão bom quanto tu e que tenham umas filhas tão boas como elas foram para nós.
Os baloiços continuam a movimentar-se. O vento embala-as e o sol está a pôr-se. Entretanto é hora de jantar, e hoje fiz o teu prato preferido. Já sei que quando as chamar para dentro vão protestar, mas que posso eu fazer senão juntar-me a elas naquela brincadeira desenfreada? Quem me dera ainda acreditar que do baloiço posso voar! Temos uma vida fantástica, meu amor, não achas?

Abro os olhos. Afinal adormeci ao teu colo… E como foi bom sonhar junto a ti. Quero que as minhas filhas se chamem Carolina e Madalena. E, se Deus quiser, teremos um jardim com árvores e baloiços. Para que cada um de nós possa voar mais alto.


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