sábado, 14 de setembro de 2013

Quantas vezes?

Quantas vezes já não te iludiste na tua vida? Quantas vezes já não acreditaste que algo seria certo, que algo nunca poderia falhar? Quantas vezes não juraste a pés juntos algo que mais tarde esqueceste? Quantas vezes já disseste ser feliz, só porque estavas a sorrir? Quantas vezes já não pediste desculpa sem te sentires arrependido? Quantas vezes?
Porque é que a vida não é aquilo que esperamos, aquilo por que lutamos? Porque é que as pessoas nos desiludem vezes e vezes sem conta, nos partem o coração e voltam, um tanto ou quanto envergonhadas, na esperança que as desculpemos só por, supostamente, não conseguirmos viver sem elas?
Quantas vezes dissemos que sim, porque não queríamos que quem estava connosco ouvisse um não? Porque é que não somos simplesmente sinceros e agimos de forma transparente? Porque é que não conseguimos exclusivamente desejar aquilo que podemos alcançar? Porque é que acreditamos que conseguiremos mais do que aquilo que, à partida, somos capazes?
Não seria tudo mais fácil se cada um de nós não fingisse ser algo que não é? Que sabe que não é? Porque é que tentam ser melhores, se esse esforço não é por vocês próprios, mas sim pelos outros?
Todos nós devíamos ter orgulho naquilo que somos, naquilo que fazemos. Devíamos sentir aquela sensação de prazer superior ao anunciar o nosso nome em voz alta, para que todos soubessem quem somos. Nada de vergonhas, nada de segredos. Somos como somos. E qual é o problema de nos termos iludido? De termos achado que algo era certo, que nunca falharia? De termos fracassado uma promessa? De termos fingido estar bem para não pôr quem gosta de nós mal? De termos o braço a torcer para fazer as pazes?
Não mereceremos todos outra oportunidade? Depois da primeira, da segunda, da centésima (…) Não teremos direito a oportunidades até chegar o momento de nos despedirmos num suspiro silenciado pela morte? Até lá… O que nos impede de sermos felizes? De cometermos todas as loucuras que ansiamos, de tentarmos todas as vezes quantas as que acreditamos aguentar o fracasso?
E se tivermos que dizer que sim, mesmo que não queiramos? E se tivermos que cair mil vezes para percebermos de que não somos, de facto, capazes de nos voltarmos a levantar?
Não estamos aqui? A viver a vida que, no meio de um tremor de terra, vamos traçando? O lápis foge-nos a cada abalo, e talvez hajam mais linhas tortas do que queríamos, mas a vida não continua a ser nossa, a ser vivida por nós? Quantas vezes nos esquecemos disto tudo? De sermos sinceros, de agirmos de forma transparente? De mostrarmos quem somos, de marcar a diferença?
Quantas vezes?


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