segunda-feira, 20 de maio de 2013

Interrogações retóricas

Durante muito tempo interroguei-me acerca de coisas sobre as quais não detinha qualquer tipo de poder ou controlo. Queria saber e, mais do que isso, queria entender. Tudo aquilo que fugisse ao meu alcance, ou fosse, simplesmente, anormal, para mim era um problema. Mais do que um problema, era uma dúvida constante, que me fazia passar noites em branco, numa tentativa inútil de atingir algo que nem eu própria sabia procurar. Interrogava-me tanto, e de uma maneira tão intensa, que, por momentos, deixei de acreditar no facto de as respostas serem importantes, e passei a imaginar como seria se todas as nossas perguntas fossem apenas retóricas. Se à pergunta "como te chamas?" não houvesse resposta, se à pergunta "de onde vens?" apenas fosse retribuído um sorriso. Como se nada fosse importante o suficiente, mas como se, ao mesmo tempo, tudo exigisse uma explicação. Teríamos de ser nós a descobrir tudo. Ninguém nos diria nada, pois tudo, por mais simples que fosse, seria demasiado fantástico para nos ser dado de mão esbanjada. Deixava de ser o pôr-do-sol num dia de verão, para passar a ser o fantástico fenómeno do pôr-do-sol num dia soalheiro e feliz. Deixava de ser a chuva, para passar a ser uma dádiva de Deus que faz florir o jardim de cada um de nós. Passava a ser o amor, aquele sentimento que nos transcende e que une pessoas numa só, deixando assim de ser só aquela paixão, aquele pequeno fogo que se apaga quando algo o abala. Tudo mudaria e, cada coisa, por mais pequena que fosse, teria uma dimensão que ultrapassava o real para se tornar em algo inconcebível e, ao mesmo tempo, maravilhoso. O nosso problema é que fazemos demasiadas perguntas. Interrogamos os outros como se não houvesse amanhã e procuramos que todos nos auxiliem na busca da demanda da verdade. E, muitas vezes, as respostas estão dentro de nós. Será assim tão difícil refletir acerca daquilo que somos, ou do que temos dentro de nós? Às vezes parece tão mais complicado compreendermo-nos que compreender os outros...



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