terça-feira, 19 de julho de 2011

Beira mar

Não havia muitos pormenores. Era uma tarde como as outras, como todas aquelas que faziam que o meu sentimento por ti se tornasse forte como o aço. Íamos passear à beira mar, íamos andar com os pés descalços na areia branca da praia que já era como uma casa para nós e ficaríamos abraçados na nossa inocente cumplicidade que criámos sem nós próprios nos termos apercebido.

Éramos pequeninos mas já tínhamos a noção daquilo que éramos e por isso não tentávamos parecer outra pessoa. Ouvíamo-nos mutuamente, respeitávamos as ideias de cada um. Eu crescia contigo, tu ensinavas-me a crescer. Eu dava-te tudo o que era, dava-te a conhecer aquilo de que mais escondido tinha e tu não pressionavas para ver mais, eras paciente e davas-me a força que precisava para nunca hesitar.
Às vezes, quando estava frio, trazias de tua casa aquela manta que tantas vezes nos envolveu, que tantas vezes acolheu o nosso acto de amor e era nela que, agarrados, olhávamos o mar. Não precisávamos de falar, olhávamos para o infinito e por vezes perdíamo-nos no tempo. Era óptimo sentir o teu cheiro, sentir-me segura. Tu podias não ser grande, podias não ter um corpo respeitado pelos rúfias da nossa rua, mas só andava na mesma à noite contigo, com a tua mão dada na minha. Inspiravas em mim uma confiança e um porto de abrigo. Eras correcto.

Eras simpático, eras presente. Eras uma voz activa nos meus pensamentos positivos. Eras o eterno anjo que me guiava quando me afastava. Nunca me deixavas sozinha. Nunca me abandonavas. Não tentavas prender-me, em própria me prendia a ti.

Éramos felizes. Éramos um só. Éramos diferentes daquilo que sozinhos somos e por isso só fazemos sentido… juntos.

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