terça-feira, 19 de julho de 2011

A tua ausência

Hoje penso em ti. Lembro-me dos teus olhos e por mais incrível que pareça, é quando fecho os meus, que com mais nitidez vejo os teus. Lembro-me do azul dos teus olhos e da tua pele que tantas vezes acariciei. Lembro-me do teu sorriso envergonhado quando te dizia que eras um príncipe. Lembro-me da tua forma de andar, sei de cor todas as tuas pulsações. Guardei com exactidão todos os teus traços, sei os melhor que os meus próprios. Recordo-me de todas as promessas, que para mim eram leis. Lembro-me das nossas tardes sentados a falar do futuro e lembro-me de termos dito que o íamos construir juntos.

A vida é cheia de incertezas e as pessoas desiludem-nos tantas vezes, o errado é acharmos que alguém ficará para sempre. Alguém diferente de um amigo, porque esses são eternos. Alguém diferente de um irmão, pois com esse temos laços de sangue.
Como ia a dizer, também me lembro da noite em que me disseste que já não sentias aquele friozinho na barriga que ainda sinto hoje quando passo por ti. Lembro-me de todas as tuas palavras frias que sem qualquer importância para ti, me fizeram acreditar que o meu mundo, que achava eu ser segurado por ti, ia cair.

Demorei três meses a aceitar e admito que ainda me custa muito, ainda caíram muitas lágrimas e o motivo vais ser tu. Aprendi a ver-me como uma criança, porque afinal é isso que sou. Ensinei-te a olhar com o coração, a dar sempre a mão a quem precisa, pois foi isso que a mim me ensinaram, mas pelos vistos tu de mim nem uma aprendizagem quiseste guardar.

Dizem que as pessoas se arrependem daquilo que mais tarde lhes falta, mas eu duvido que te venhas arrepender. A tua ira inspira força e o teu sorriso repleta confiança, tens uma porta gigante de ida para o teu futuro e a janela de volta para o passado é demasiado pequena para passares. Acredito que à noite ainda te olhes ao espelho e penses em mim. Acredito que por mais pessoas que já tenham passado na tua vida, eu te tenha marcado. Sei porque o fiz e isso guardo-o para mim, isso não consigo escrever.

Passámos coisas que na altura nenhuma importância dei e que agora percebo tudo, agora que já não era preciso perceber nada.

A tua ausência trás em mim uma dor que me faz querer ficar em casa, que me faz querer agarrar-me às poucas fotos que tenho tuas, às poucas roupas aonde o cheiro permanece. A tua ausência faz-me querer ganhar asas, faz-me querer ir ao céu, faz-me querer saltar para outro lugar. E sabes porquê?

Porque sem ti, aqui, eu já não vejo mais nenhum motivo para aqui estar.

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