quinta-feira, 11 de julho de 2013
Começar de novo
Fecha os olhos. Larga tudo aquilo que estiveres a agarrar e afasta-te de qualquer móvel ou mesa que te impeça de caminhar de olhos fechados sem tropeçares. Encaminha-te para um espaço vazio, liberto de tudo, e, principalmente, aberto. Fecha os olhos e começa a andar. A dançar. A cantar, se assim te apetecer. Salta o mais alto que conseguires e não tenhas medo de cair no chão ou de tropeçar numa pedra, pois, neste lugar, nada te prenderá ou impedirá de continuares a fazer o que queres. Rebola no chão, grita, chora. Bebe as tuas lágrimas e procura no sabor salgado uma réstia de esperança que te faça sorrir. Não abras os olhos, mesmo que a tentação de ver este lugar te consuma como as chamas consomem a floresta desprotegida. Continua com eles cerrados, cerrados, mas sem medo. Não uses o tato, o cheiro, ou sequer a audição. Despe-te daquilo que te ensinaram, daquilo que sabes que podes fazer e daquilo que são, para nós, as ferramentas de sobrevivência. Não tenhas medo e não abras os olhos. Prova a ti mesmo de que és capaz de te aventurar, que, quando consegues ser livre, não tens medo da liberdade. Não te deites, não te canses. Não te deixes ir pelo anoitecer, pelo esfriar do dia, pelo medo da cegueira. Habitua-te ao escuro, mesmo tendo a opção de ver a luz. Senta-te por breves segundos. Lembra-te de onde estás: há tua volta, nada há. É tudo um vazio, um nada, uma possibilidade. Agora toma... Ofereço-te mobília, pincéis, latas de tinta, cores, sentimentos, saudades e molduras (...) Todo este espaço vazio, por onde vagueaste de olhos fechados é, agora, teu. Tens tudo para o preencher. Fá-lo da melhor maneira possível. Constrói, pinta, preenche (...) e, no dia em que te sentires sufocado, liberta-te de tudo, mais uma vez. Volta a ter um espaço vazio, volta a cerrar os olhos, e vagueia descalço, destemido e consciente de que podes começar de novo.
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Adorei tu tens um talento mt bom mesmo e sabes sempre kis ler o teu livro mas infelizmente não tenho possibilidades de o comprar :(
ResponderEliminarOlá! Como te chamas? Gostava muito de te dar um livro. Contacta-me para o meu e-mail: mariafranciscagama@hotmail.com
EliminarBeijinhos*
Mais um texto lindo, forte, cheio de vida e de sentimento. Como me identifico com ele, parece sempre que lês a minha alma, por isso te amo muito, minha querida!
ResponderEliminarNão pares nunca!
Muito obrigada professora! Assim vale apena escrever!
Eliminarlindo como sempre! :)
ResponderEliminarObrigada querida*
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